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Considerar a razão e a fé como energia circular

INDAIATUBA, terça-feira, 25 de novembro de 2008 (ZENIT.org).- Segundo o presidente emérito da Pontifícia Academia para a Vida, Dom Elio Sgreccia, para enfrentar o avanço do secularismo é preciso considerar a razão e a fé não como caminhos paralelos, mas com energia circular. Em conferência de abertura do congresso internacional «Pessoa, cultura da vida e cultura da morte», hoje, em Itaici (Indaiatuba, São Paulo), o bispo comentou aspectos de uma antropologia de referência em uma cultura secularista. De acordo com Dom Sgreccia, a cultura da secularização «não é sempre a mesma», pois «se apresenta em diferentes fases». «A valorização das realidades temporais, o campo do trabalho, da política, das relações pessoais», isso se circunscreve em uma concepção «reduzida da vida humana, quando se elimina Deus», destacou. Nesse sentido, a «defesa da autonomia do homem não ampliou sua dignidade, diante de uma visão reducionista». Quando se «prescinde de Deus, reduz-se o horizonte da vida humana». De acordo com o bispo, o secularismo tende a descartar o problema da origem da vida, assume uma postura de impossibilidade de se perseguir a verdade. «A proposta secularista e laica apresenta-se como um humanismo que rechaça a fé, mas desconfia também da razão e de todo valor absoluto», explicou. Neste contexto, a resposta da Igreja afirma que «o encontro entre fé e razão não se dá de maneira adicional e paralela». «O método de João Paulo II, muito evidente em seus escritos, apresenta o que se chamou de método circular: é a razão que está aberta à contribuição da revelação e a recebe elaborando-a e penetrando-a em seu momento meditativo; e é a fé que pede à razão que tire as consequências de tal iluminação.» «O caminho da defesa da vida humana na Igreja, dentro dela, e por parte da Igreja no mundo há de ser proposto portanto com a contribuição convergente e circular da fé que ilumina desde dentro a razão», afirmou Dom Sgreccia. O presidente emérito destacou então três fundamentos antropológicos para a bioética: a criação, a vida humana e a vida eterna. De acordo com Dom Sgreccia, é um erro prescindir da razão nos questionamentos sobre a criação, dando ênfase apenas ao campo da fé, «como se só a fé fosse capaz de perguntar sobre Deus». «Assim, os que não vivem a fé estariam dispensados». A origem do ser do homem recebe «o primeiro e essencial significado do fato de que o ser do homem é doado», um «dom fruto do amor». «A primeira dignidade deriva do fato de que o ser livre é posto em relação com Seu Doador». Sobre o valor da vida humana, Dom Sgreccia afirmou que «a grandeza do homem culmina em sua vocação e comunhão com a vida divina por meio de Cristo. A vida humana alcança seu objetivo e seu valor quando é colmada pela graça da vida divina de Cristo». Ao falar sobre o aspecto escatológico, o bispo citou o documento Comunione e Servizio: La persona umana creata a immagine di Dio, da Comissão Teológica Internacional. «A vontade de Deus, que Cristo seja a plenitude do homem, deve encontrar uma realização escatológica. O Espírito Santo levará a cumprimento a configuração última das pessoas humanas segundo Cristo na ressurreição dos mortos, mas já hoje os seres humanos participam desta semelhança escatológica com Cristo aqui sobre esta Terra, no meio do tempo e da história», citou. Fonte: Zenit

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