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Compreendi que a verdade é o outro rosto da liberdade

Por Luca Marcolivio
ROMA, segunda-feira, 1º de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- Por convite da Pastoral Universitária de Roma, Magdi Cristiano Allam revelou detalhes de sua conversão do islã ao cristianismo. «Este caminho – relatou Allam – começou de modo aparentemente fortuito, na realidade providencial. Desde os quatro anos, tive a oportunidade de freqüentar, no Egito, escolas italianas católicas: fui aluno, primeiro, das religiosas missionárias combonianas, e depois, a partir do quinto ano do ensino fundamental, dos salesianos.» «Recebi assim uma educação que me transmitiu valores sãos e apreciei a beleza, a verdade, a bondade e a racionalidade da fé cristã», na qual «a pessoa não é um meio, mas um ponto de partida e de chegada», acrescentou Allam. «Graças ao cristianismo – confessou – compreendi que a verdade é o outro rosto da liberdade: são um binômio indissolúvel. A frase ‘A verdade fará livres’ é um princípio que vós, jovens, deveis ter sempre em mente, especialmente hoje que, desprezando a verdade, abdica-se da liberdade.» «Minha conversão – acrescentou – foi possível graças à presença de grandes testemunhas da fé; o primeiro de todos, Sua santidade Bento XVI. Quem não está convencido da própria fé, com freqüência é porque não encontrou nela testemunhas críveis deste grande dom.» «Um binômio indissolúvel no cristianismo – acrescentou o jornalista – é sem dúvida o de fé e razão. Esta última é capaz de dar substância à nossa humanidade, à sacralidade da vida, ao respeito à dignidade humana e à liberdade de escolha religiosa.» «Um evento, antes da conversão, fez-me refletir mais que os outros – revelou: o discurso do Papa em Ratisbona (12 de setembro de 2006). Naquela ocasião, citando o imperador bizantino Manuel II Paleólogo, afirmou algo que os próprios muçulmanos não negaram nunca: que o Islã difunde o próprio credo, sobretudo com a espada.» «A denominada ‘bondade’ – acrescentou –, ou seja, conceder sempre ao outro o que quer, é exatamente o contrário do bem comum, perfeitamente assinalado por Jesus: ‘ama a teu próximo como a ti mesmo’ (Mateus 19, 16-19). Tal preceito evangélico nos confirma que não podemos querer bem os demais se antes não nos amamos a nós mesmos. O mesmo vale para nossa civilização.» «Contrários a tal princípio – disse Allam – são o indiferentismo e o multiculturalismo que, sem nenhuma identidade, pretendem conceder todo tipo de direitos a todos. Resultado do multiculturalismo foi a implosão da solidez social e o desenvolvimento de guetos e grupos étnicos, em perene conflito com a população autóctone.» «Isto me leva a considerar ooutro grande binômio da civilização cristã, o relativo a regras e valores, chave para um possível resgate ético da Europa atual – prosseguiu. O velho continente é um colosso de materialidade com os pés de argila. O materialismo é um fenômeno globalizado, ao contrário da fé, que não o é.» Respondendo a uma pergunta sobre a possível compatibilidade entre fé e razão no islã, o ex-muçulmano Allam respondeu que «ao contrário do cristianismo, religião do Deus encarnado no homem», o Islã se concretiza em um texto sagrado que, «sendo um com Deus, não é interpretável». Quanto ao diálogo entre islã e cristianismo, o subdiretor do Corriere della Sera afirmou que é possível só e exclusivamente «se formos autenticamente cristãos no amor, inclusive para com os muçulmanos. Se relativizarmos o diálogo, instigaremos nossos interlocutores a ver-nos como infiéis, portanto, como terreno de conquista». Dirigindo-se aos estudantes presentes, Magdi Allam sublinhou a importância de uma educação que volte a transmitir «uma concepção ética da vida, com valores e regras no centro de tudo». Negociação de tais princípios é, segundo Allam, «o capitalismo selvagem que, paradoxalmente, tem seu máximo desenvolvimento na China comunista». «Não podemos conceber a pessoa em termos ‘empresariais’ e temos de encontrar regras de convivência que não se fundamentam no materialismo. Devemos redefinir nossa sociedade sobre o ser, e não sobre o ter», concluiu Allam.
Fonte: Zenit

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