JOÃO PAULO II
"Newman nasceu numa época atormentada não só politica e militarmente, mas também sob o ponto de vista espiritual. As antigas certezas vacilavam e os crentes encontravam-se perante as ameaças do racionalismo e do fideísmo. O racionalismo trouxe consigo a recusa quer da autoridade quer da transcendência, enquanto o fideísmo afastou as pessoas dos desafios da história e dos compromissos terrenos, gerando neles uma dependência insensata da autoridade e do sobrenatural. Naquele mundo, Newman chegou deveras a uma síntese excepcional entre fé e razão que eram para ele "como duas asas sobre as quais o espírito humano alcança a contemplação da verdade" (cf. Fides et ratio, Introdução; cf. ibid, n. 74). Foi a contemplação apaixonada da verdade que o conduziu a uma aceitação libertadora da autoridade, cujas raízes estão em Cristo, e a um sentido do sobrenatural que abre a mente e o coração humanos a uma ampla gama de possibilidades reveladas em Cristo. "Ilumina gentilmente a obscuridade, guia-me" escreveu Newman em "A Nuvem do não Conhecimento". Para ele Cristo era a luz no centro de qualquer obscuridade. Para o seu túmulo escolheu a seguinte epígrafe: Ex umbris et imaginibus in veritatem; era evidente que no final da sua viagem terrena foi Cristo a verdade que encontrou."
Por ocasião do Segundo centanário do Cardeal Newman
Vaticano, 22 de Janeiro de 2001.
Fonte: Vatican.va
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