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NECESSIDADE DE FORMAÇÃO DA PESSOA HUMANA

"Num tempo de mudanças muitas vezes radicais, em que as experiências do passado parecem ser irrelevantes, aumenta a necessidade de uma sólida formação da pessoa. Também isto, é um âmbito que exige a maior colaboração possível, para que as responsabilidades primárias dos pais encontrem apoios adequados. A formação intelectual e a educação moral dos jovens são dois caminhos fundamentais através dos quais, nos anos decisivos do crescimento, cada um pode confrontar-se consigo mesmo, alargar os horizontes da mente e preparar-se para enfrentar a realidade da vida.
O homem vive uma existência autenticamente humana graças à cultura. É mediante a cultura que o homem se torna mais homem, tem acesso de modo mais intenso ao “ser” que lhe é próprio. Por outro lado, para uma visão sábia, é evidente que o homem conta como homem mais pelo que é do que pelo que possui. O valor humano da pessoa está em relação directa e fundamental com o ser, e não com o ter. Precisamente por isso, uma Nação que se preocupa com o seu futuro favorece o progresso da escola num clima sadio de liberdade, e não poupa esforços para melhorar a qualidade, em estreita relação com as famílias e com todas as componentes sociais, como de facto se verifica na maior parte dos Países europeus.
Não é menos importante, para a formação da pessoa, o clima moral que predomina nas relações sociais e que actualmente encontra uma expressão maciça e condicionante nos meios de comunicação: eis o desafio que chama em causa todas as pessoas e famílias, mas que interpela a título peculiar quem tem maiores responsabilidades políticas e institucionais. A Igreja, por seu lado, não se cansará de desempenhar, também neste campo, aquela missão educativa que pertence à sua própria natureza.
O carácter realmente humanista de um corpo social manifesta-se particularmente na atenção que ele consegue manifestar aos seus membros mais débeis. Olhando para o caminho percorrido pela Itália durante estes quase sessenta anos depois das ruínas da segunda guerra mundial, não podemos deixar de nos admirar pelos enormes progressos realizados rumo a uma sociedade na qual sejam garantidas a todos condições de vida aceitáveis. Mas é de igual modo inevitável reconhecer a grave crise ocupacional que ainda persiste, sobretudo juvenil, e numerosas pobrezas, misérias e marginalizações, antigas e novas, que afligem numerosas pessoas e famílias italianas ou imigradas neste País. Por conseguinte, é grande a necessidade de uma solidariedade espontânea e radical, à qual a Igreja se empenha de todos os modos em dar de coração o seu contributo. Contudo, esta solidariedade não pode deixar de contar sobretudo com a constante solicitude das Instituições públicas. "
Discurso do Papa João Paulo II ao Parlamento da República Italiana Quinta-feira, 14 de novembro de 2002

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