Durante a visita ao Capitólio, em 9 de Março, o Papa exorta Roma a reapropriar-se das suas raízes civis e cristãs.
Seja-me permitido observar que os episódios de violência, por todos deplorados, manifestam um mal-estar mais profundo; são o sinal diria de uma verdadeira pobreza espiritual que aflige o coração do homem contemporâneo. A eliminação de Deus e da sua lei, como condição da realização da felicidade do homem, não alcançou de modo algum o seu objectivo; pelo contrário, priva o homem das certezas espirituais e da esperança, necessárias para enfrentar as dificuldades e os desafios quotidianos. Quando, por exemplo, a uma roda falta o eixo central, ela perde a sua função motriz. Assim, a moral não atinge a sua finalidade última, se não tiver como ponto de apoio a inspiração e a submissão a Deus, manancial e juiz de todo o bem. Diante do preocupante debilitamento dos ideais humanos e espirituais, que fizeram de Roma "modelo" de civilização para o mundo inteiro, a Igreja, através das comunidades paroquiais e das outras realidades eclesiais, está a comprometer-se numa obra educativa minuciosa destinada a fazer com que, de modo particular as novas gerações, redescubram os valores perenes. Na era pós-moderna, Roma deve reapropriar-se da sua alma mais profunda, das suas raízes civis e cristãs, se quiser ser promotora de um novo humanismo, que ponha no centro a questão do homem reconhecido na sua realidade completa. Desvinculado de Deus, o homem permaneceria desprovido da sua vocação transcendente. O cristianismo é portador de uma mensagem luminosa sobre a verdade do homem, e a Igreja, que é depositária desta mensagem, está consciente da sua própria responsabilidade em relação à cultura contemporânea.
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