"Coimbra, 04 abr 2011 (Ecclesia) — O grupo 'Fé e Razão na Academia' (FRA), em Coimbra, desafia os investigadores da Ciência e da Teologia a porem de lado as suas diferenças, em nome de um 'conhecimento mais completo da realidade'.
'Acredito que se chegou a um acordo de cavalheiros, de respeito mútuo, e é tempo de passar à próxima fase, perceber que as duas perspetivas caminham lado a lado para o mesmo bem comum' sublinha Inês Santos, em declarações prestadas à ECCLESIA, esta sexta-feira, durante um colóquio intitulado 'Ciência e Deus'.
A iniciativa, organizada pelo Instituto Universitário Justiça e Paz, em conjunto com o FRA, reuniu um conjunto de cientistas e teólogos, que procuraram transmitir a forma como lidam com esta tensão, nas respetivas áreas de saber.
O cientista Carlos Fiolhais, num painel intitulado «Em que crê um cientista?», sublinhou que a Ciência e a Fé 'respondem a ânsias fundamentais' do ser humano, apesar de serem 'atividades distintas'.
Para o diretor da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, é preciso favorecer não só o convívio mas principalmente o 'enriquecimento mútuo'.
Uma ideia reforçada pelo padre Vasco Pinto Magalhães, na sua dissertação sobre 'Como conciliar Ciência e Deus'.
O jesuíta, que se dedica sobretudo à Pastoral Universitária mas tem também larga experiência em matéria de Bioética, disse que 'nada ajuda tanto a ciência como uma saudável crença em Deus'.
Alertou ainda para os perigos de uma 'absolutização da ciência' ou de uma 'leitura à letra da bíblia'.
O evento deu corpo à primeira iniciativa pública do FRA, um grupo de estudantes, investigadores e professores que começou a reunir-se há cerca de um ano e meio, depois de um repto lançado pelo Instituto Universitário Justiça e Paz (IUJP).
'Somos cientistas ou investigadores, mas também somos católicos e não são duas gavetas diferentes' realça Inês Santos, que integra este núcleo ao mesmo tempo que está a acabar o seu doutoramento na Universidade de Coimbra.
O que começou por ser uma simples mesa redonda à volta da encíclica Fides et Ratio, de João Paulo II, passou agora a ser um fórum mais alargado, que poderá ter novas iniciativas no futuro.
Para o padre Nuno Santos, do IUJP, trata-se sobretudo de um 'desafio de humildade', e perceber que 'nem Fé nem Ciência explicam tudo'. 'Acho que saímos a ganhar quando conseguimos colocar esta tensão em cima da mesa e penso que em Portugal isto não tem sido feito ao nível académico' conclui. PTE/JCP"
Fonte: Agência Ecclesia
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