O Papa Bento XVI destacou nesta quinta-feira, 19, aos bispos dos Estados Unidos que atualmente erodiram novas e poderosas correntes culturais que não só são diretamente opostas aos ensinamentos morais da tradição judaico-cristã, mas são cada vez mais hostis ao cristianismo como tal.“Na medida em que algumas tendências culturais atuais contêm elementos que poderiam diminuir a proclamação destas verdades, elas representam uma ameaça não apenas a fé cristã, mas também para a própria humanidade e à verdade mais profunda sobre o nosso ser e vocação suprema, nossa relação com Deus”, salientou o Santo Padre à Conferência dos Bispos Católicos dos EUA recebida na Sala do Consistório do Palácio Apostólico Vaticano.
Assim, a Igreja nos Estados Unidos é chamada a proclamar um Evangelho que não só propõe verdades morais imutáveis, mas as propõe com precisão, como chave para a felicidade humana e social prosperidade.
Para o Pontífice, quando uma cultura tenta suprimir a dimensão do último mistério, e fecha as portas para a verdade transcendente, ela inevitavelmente torna-se empobrecida e sucumbida.“Com sua longa tradição de respeito pela justa relação entre fé e razão, a Igreja tem um papel fundamental a desempenhar na luta contra as correntes culturais que, com base em um individualismo extremo, procuram promover noções de liberdade separadas da verdade moral”, enfatizou Bento XVI.
Fé e razão
O Papa reforça ainda que a tradição católica não fala de uma fé cega, mas de uma perspectiva racional que liga o compromisso de construir uma sociedade autenticamente justa, humana e próspera a fim de mostrar de forma definitiva que o cosmos é dotado de uma lógica interna acessível ao raciocínio humano.
“Esta lei não é uma ameaça à nossa liberdade, mas sim uma ‘linguagem’ que nos permite compreender a nós mesmos e a verdade do nosso ser, e assim moldar um mundo mais justo e humano. Ela propõe, assim, o seu ensinamento moral como uma mensagem não de restrição, mas de libertação, e como base para a construção de um futuro seguro”, afirma.
Bento XVI explicou ainda que a separação legítima da Igreja e do Estado não significa que a Igreja deve estar em silêncio sobre certas questões, nem que o Estado pode optar por não se envolver ou não escutar as vozes dos fiéis comprometidos em determinar os valores que irão moldar o futuro da nação.“É imperativo que toda a comunidade católica nos Estados Unidos venha a compreender as graves ameaças ao testemunho moral público da Igreja apresentado por uma laicidade radical que encontra expressão crescente nas esferas política e cultural”, destaca.
Particularmente preocupantes, salientou também o Papa, são certas tentativas feitas para limitar um das liberdades mais queridas dos americanos, a liberdade de religião. O Papa reforça que a liberdade religiosa não se limita à simples liberdade de culto, comporta também garantias de respeito pela liberdade de consciência.
Papel dos leigos na política e na sociedade
O Santo Padre chamou a atenção para a necessidade de leigos articulados e bem formados com um forte senso crítico e com coragem para contrariar um secularismo redutor que deslegitima a participação da Igreja no debate público sobre as questões que estão determinando o futuro da sociedade.“Não se pode duvidar que quanto mais consistente for o testemunho por parte dos católicos e mais profundas forem suas convicções, maior poderá ser a contribuição para a renovação da sociedade como um todo”, enfatizou.
Por fim, Bento XVI salienta que a esperança que esses "sinais dos tempos" dá é que esta é uma razão para renovar nossos esforços em mobilizar os recursos intelectuais e morais de toda a comunidade católica a serviço da evangelização da cultura e da construção de uma civilização de amor.
Nicole Melhado/Canção Nova Notícias/Rádio Vaticano
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