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Papa Bento XVI aos cientistas: "Universo não é caos"

Cidade do Vaticano (RV) - “O universo não é caos ou o resultado do caos, bem pelo contrário, revela uma complexidade bem ordenada” – observou Bento XVI, ao receber, nesta quinta-feira, no Vaticano, os sessenta participantes da Assembleia Plenária da Pontifícia Academia das Ciências, que tem como tema: “Complexidade e Analogia nas Ciências: Aspetos teóricos, metodológicos e epistemológicos”. 

Agradecendo a saudação inicial do diretor desta Pontifícia Academia, o cientista suíço Werner Arber, o Papa observou que a temática abordada toca um importante aspeto, que “abre a uma variedade de perspectivas que apontam para uma nova visão da unidade das ciências” e para “a grande unidade da natureza na complexa estrutura do cosmos e para o mistério do lugar que o homem nele ocupa”.

A paciente integração das variadas teorias, cujos resultados, quando confirmados, constituem os pressupostos para novas investigações, “testemunham – notou o Papa – tanto a unidade do processo científico como também a permanente tendência dos cientistas em direção a uma compreensão mais apropriada da verdade da natureza e a uma visão mais inclusiva da mesma”.

“Tal abordagem interdisciplinar da complexidade mostra também que as ciências não são mundos intelectuais desligados uns dos outros, pelo contrário, que estão interligadas entre si e vocacionadas ao estudo da natureza como uma realidade unificada, inteligível e harmoniosa na sua inegável complexidade.” 

O universo não é um caos ou o resultado do caos. Pelo contrário, ele aparece cada vez mais claramente como uma complexidade ordenada que nos permite, através da análise comparativa e da analogia, passar da especialização para um ponto de vista mais universal e vice-versa”.

Referindo-se ao tema abordado nesta Assembleia, “Complexidade e analogia”, Bento XVI fez notar como o uso da analogia se tem revelado muito “frutuoso para a Filosofia e para a Teologia, não só como instrumento para uma análise horizontal da realidades da natureza, mas também como estímulo para um pensar criativo sobre um plano transcendental mais elevado”. 

O pensamento cristão tem empregado a analogia não só para a investigação das realidades mundanas, mas também como meio de se elevar da ordem da natureza criada à contemplação do Criador.

Estou convencido da necessidade urgente de um diálogo e cooperação permanentes entre os mundos da ciência e da fé, para construir uma cultura de respeito pelo homem, pela dignidade humana e pela liberdade, a bem do futuro da nossa família humana e para um desenvolvimento sustentável, a longo prazo, do nosso planeta.”



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