Segundo domingo da Quaresma. Último Angelus do Papa Bento XVI. Como sempre ao longo destes oito anos de pontificado, Bento XVI apareceu ao meio dia à janela dos seus aposentos sobre a Praça de São Pedro para a oração mariana do Angelus com os fiéis ali reunidos. Mas a Praça estava insolitamente repleta de fieis vindos de vários cantos da Itália, do mundo, para o saudar, o agradecer, exprimir-lhe, mais uma vez, o imenso afecto e estima que têm e continuarão a ter por ele. Acreditamos na Igreja una santa, católica e apostólica, lia-se num grande cartaz assinado “Papaboys”. Jovens, adultos, anciãos, romanos, peregrinos, turistas, polícias, voluntários, membros da Cruz Vermelha, da Protecção Civil… que desafiaram o frio e que lá estavam todos de olhos para a janela e de coração aberto para ouvir o Santo Padre…
*Bento XVI falou, como é costume, do texto evangélico da liturgia deste domingo: a Transfiguração do Senhor narrada por São Lucas. Jesus que reza, numa espécie de retiro espiritual, juntamente com Pedro, Tiago e João, no Monte Tabor. Enquanto ora transfigura-se, como que oferecendo aos discípulos uma antecipação da sua glória, Ele que já tinha pré-anunciado a sua morte e ressurreição. Tal como no baptismo ressoa – frisa o Papa – a voz do Pai celeste. “Este é o meu filho, o eleito, escutai-o!”. Pedro, numa tentativa impossível de pôr termo àquela experiência mística diz “Maestro, como é belo para nós estar aqui”. Meditando sobre este texto evangélico podemos tirar três ensinamentos muito importantes – disse Bento XVI.
“Antes de mais, a primazia da oração, sem a qual todo o empenho do apostolado e da caridade se reduz a activismo. Na Quaresma aprendemos a dar o justo tempo à oração, pessoal e comunitária, que dá respiro à nossa vida espiritual. Além disso, a oração não é um isolar-se do mundo e das suas contradições, como Pedro queria que fosse no Monte Tabor, ma a oração recondução ao caminho, à acção”.
Referindo-se depois à sua mensagem para a Quaresma, o Papa recordou também que “a existência cristã é um contínuo subir ao monte do encontro com Deus, descendo depois com o amor e a força que daí vem, por forma a servir os nossos irmãos e irmãs com o mesmo amor de Deus”.
Palavras de Deus que o Papa – interrompido a este ponto duas vezes por intensos aplausos - disse sentir particularmente dirigida a eles neste momento da sua vida:
“O Senhor me chama a “subir ao monte”, a dedicar-me ainda mais à oração e à meditação. Mas isto não significa abandonar a Igreja , antes pelo contrário, se Deus me pede isto é precisamente para que possa continuar a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor com que o fiz até agora, mas de uma forma mais adapta à minha idade e às minhas forças”.
Depois de invocar Nossa Senhora para nos ajude a todos a seguir Cristo na oração e na caridade, o Papa saudou os peregrinos em diversas línguas, agradecendo sempre pelas orações e afecto e oração que lhe têm nestes dias. Eis a sua breve saudação em português:
Queridos peregrinos de língua portuguesa que viestes rezar comigo o Angelus: obrigado pela vossa presença e todas as manifestações de afeto e solidariedade, em particular pelas orações com que me estais acompanhando nestes dias. Que o bom Deus vos cumule de todas as bênçãos.
Não faltou neste domingo o tweet do Papa em que se lê:
“Neste momento particular, peço-vos que rezeis por mim e pela Igreja, confiando sempre na Providência de Deus”.
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