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LEVAR O EVANGELHO DA VIDA É UMA DAS TAREFAS MAIS URGENTES DO POLÍTICO CRISTÃO

João Paulo II
"O político deve superar uma particular prova demonstrativa, quando lhe é pedido que contribua para a edificação da cultura da vida, visto que se encontra diante de numerosas vozes de uma democracia pluralista, caracterizada pela oposição. Infelizmente, hoje tende-se a sustentar que o relativismo céptico e o agnosticismo constituem a filosofia e o fundamento próprios das formas políticas democráticas. Todos aqueles que, ao contrário, buscam honestamente o conhecimento da verdade e a ela se atêm, são considerados sob o ponto de vista democrático não dignos de confiança, pois não querem aceitar o facto de que a verdade é aquela determinada pela maioria. Certamente é uma política muito distante do espírito cristão a de afirmar que, se não existe alguma verdade última, as ideias e as convicções de diversos indivíduos e grupos podem ser usadas de modo instrumental para questões de poder. Em um mundo sem verdade a liberdade perde o seu fundamento. «Uma democracia sem valores convertese facilmente num totalitarismo aberto ou dissimulado, como a história demonstra» (Centesimus annus, 46). Por isso, uma das tarefas mais urgentes do político cristão é levar o Evangelho da vida «em todos os caminhos do mundo» (Christifideles laici, 44), em particular nos meios de comunicação social, cujo poder não se deve subestimar. O político não representa em primeira linha a si mesmo, mas antes a verdade a que se sente obrigado. Tal como a filosofia clássica se atribuía a tarefa de fazer nascer a verdade, de igual modo o político cristão é chamado a fazer nascer o Evangelho da vida. Retrocede- se quando este último tem a palavra.
A contribuição, que o político cristão poderia oferecer a este processo, é a ideia da inviolável dignidade de cada pessoa humana, sobre cuja base se pode edificar uma cultura europeia da vida, que não se preocupa só com o facto de na Europa se viver bem, sob o ponto de vista económico e financeiro, mas também que a Europa seja edificada sobre a base de valores que, no passado, a tornaram grande. O político cristão não renunciará a representar tudo o que aprendeu da sua fé e o que a sua consciência lhe sugere."
DICURSO DO PAPA JOÃO PAULO II A UM GRUPO DE PARLAMENTARES AUSTRÍACOS 22 de Março de 1997

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