Duas dezenas de intelectuais analisam «O Pensamento de Bento XVI» na Universidade Católica, em Lisboa
Cerca de duas dezenas de intelectuais analisam esta Segunda-feira o “Pensamento de Bento XVI”, num encontro promovido pelo Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa (UCP).
A iniciativa, que decorre em Lisboa, começou com a presença de uma centena de pessoas que encheram a sala, mas a afluência de público obrigou à mudança da localização para o maior auditório da UCP.
No primeiro painel, dedicado ao tema “A Universidade. O discurso que não chegou a ser pronunciado na Universidade de la Sapienza”, Henrique Leitão considerou que o Papa assume ser “representante de uma comunidade que ao longo dos séculos se debate com o problema da verdade e, portanto, tem algo de válido a dizer”.
O ponto “traumático” e “intolerável” que tornou inaceitável a presença de Bento XVI na universidade de Roma, a 17 de Janeiro de 2008, foi a insistência do Papa na “razoabilidade da posição da fé”, afirmou o investigador.
O orador defendeu que o pontificado de Bento XVI, quando se dirige ao mundo ocidental, é um “longo argumento” para afirmar a centralidade da razão para o aprofundamento da fé.
Para o historiador da Universidade de Lisboa, o Papa não atribui a perda do sentido religioso no Ocidente ao enfraquecimento da fé ou ao ateísmo, mas ao “estreitamento da razão”, que desde o Iluminismo até aos nossos dias nada mais aceita do que “a estrita razão científica”.
Henrique Leitão sublinhou que a proibição do discurso na Universidade La Sapienza é sinal de uma “feroz tenaz intelectual” que afecta o pensamento no Ocidente e classificou o autor e os 67 subscritores da moção que se opuseram à intervenção de Bento XVI como “polícias do pensamento”.
Depois de frisar que o pensamento do Papa parece ter sido confirmado pela recusa da realização do seu discurso, Henrique Leitão advertiu que “se a razão se torna surda à mensagem da fé cristã, seca como uma árvore cujas raízes já não chegam à água que lhe dá vida”.
Nas palavras de abertura do encontro, o reitor da Universidade Católica Portuguesa, Manuel Braga da Cruz, realçou que Bento XVI “tem sido vítima de algum intencional desconhecimento por parte da comunicação social mundial”.
O reitor recordou que há três anos, quando se avistou com o Papa, no Vaticano, lhe perguntou quando viria a Portugal, e ele terá dito que já não seria possível; perante a iminência da visita de 11 a 14 de Maio, Manuel Braga da Cruz perguntou: “o que terá levado Bento XVI a mudar de opinião?”.
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