Caríssimos Irmãos e Irmãs!
1. (...) hoje desejo dar relevo à existência da verdade, como comum pressuposto de fé e razão. De facto, se o homem se interroga, fá-lo com o desejo e a esperança de encontrar uma resposta para as suas perguntas.
Por vezes é difícil procurar a verdade, quase nunca é possuída exaustivamente e a experiência do erro convida a ser humilde e tolerante. Mas, ao mesmo tempo, não tem razão de ser um cepticismo que ponha radicalmente em questão a própria possibilidade de o ser humano alcançar a verdade. Onde existe o cepticismo, os critérios de juízo e discernimento são menos firmes, e a existência humana, entregue às emoções, corre o risco de permanecer sem fundamento.
2. Na realidade, se o homem conhece a dificuldade de alcançar a verdade e a certeza sobre tantas coisas, sente contudo que existem realidades e princípios fundamentais, sobre os quais a certeza é plena e universal.
Estas verdades são a própria condição do pensamento, da existência e da convicção. É aquilo que nos permite comunicar, procurar, reconhecer os nossos erros, conviver e amar.
A própria ciência empírica demonstra a existência da verdade. Ela apresenta-se como um caminho marcado por conquistas parciais e pela gradual superação de erros. Precisamente por isto, qualquer conhecimento científico autêntico é um passo rumo à plenitude da verdade. Isto também é válido para os outros âmbitos do conhecimento. Por isso, na Encíclica Fides et ratio indiquei um núcleo de conhecimentos filosóficos presentes constantemente na história do pensamento, nos quais é "possível ver uma espécie de património espiritual da humanidade" (n. 4).
Por seu lado, a revelação que vem do alto, e que tem em Cristo a sua plenitude, enquanto nos abre para um conhecimento profundo do mistério de Deus e do Seu desígnio de salvação, nunca se opõe às verdades já alcançadas com a luz da razão; ao contrário, verifica-as, purifica-as e consolida-as.
JOÃO PAULO II
ANGELUS
Domingo 13 de Dezembro de 1998