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BENTO XVI ANUNCIA EXPOSIÇÃO DO SANTO SUDÁRIO EM 2001

Imagen completa do Santo Sudário (a primeira metade corresponde à frente e a outra às costas de Jesus)
Entrevista com o padre Gianfranco Berbenni
Por Paolo Centofanti (Zenit)
A exibição do Santo Sudário de Turim, anunciada por Bento XVI para 2010, é uma «oportunidade providencial» para compreender seu significado espiritual, considera o padre Gianfranco Berbenni. Professor titular do curso “A ciência e a teologia do Santo Sudário”, do mestrado em Ciência e Fé do Ateneu Pontifício Regina Apostolorum de Roma, o sacerdote, nesta entrevista a Zenit, mostra-se partidário de uma pesquisa científica que evite a espetacularização. O padre analisa também o recente experimento do Ente para as Novas Tecnologias, Energia e Ambiente (ENEA) da Itália, dirigido pelo doutor Giuseppe Baldacchini, que levou à realização de imagens estruturalmente comparáveis (colorido das fibras superficiais do tecido, etc.) com a imagem do Homem do Santo Sudário.
–Que pensa do anúncio da exibição pública do Santo Sudário?
–Padre Berbenni: É uma oportunidade providencial para poder proceder a uma pastoral que tenha na Paixão e Ressurreição do Senhor Jesus o próprio centro, e é também uma oportunidade providencial para que o Santo Sudário seja um testemunho privilegiado, junto do serviço dos Evangelhos e dos Sacramentos, e talvez dê ocasião a compromissos sócio-políticos, especialmente no mundo das emergências e da caridade, muito mais intensos.
–Nos últimos meses, parece que há um novo interesse pelo Santo Sudário. Que vê de positivo e, por outro lado, de potencialmente negativo, como por exemplo eventuais formas de espetacularização?
–Padre Berbenni: De positivo vejo um aspecto que para a ciência é normal: não abandonar nunca a análise de um objeto. Neste caso, o Santo Sudário para a ciência é um resto arqueológico, um tecido com marcas sanguíneas de uma pessoa morta em determinadas condições. Que a ciência continue é um prática normal e bem-vinda. Talvez exista uma busca de espetacularização científica e este é um elemento de debilidade da atual pesquisa. Falta, creio, posicionar novamente as cartas em jogo, voltando a estabelecer a ‘partida’ segundo suas normas, de maneira simples, sem angústias de descobertas espetaculares. Mais que o caráter midiático, aqui está em jogo a espetacularização do proceder científico. E mais, há um perigo, ao menos para nós sacerdotes: ainda que se chegasse ao nível de confiabilidade sobre uma radiação que permitisse uma difusão superficial da marca corpórea do Sudário, o perigo grande seria que os próprios cientistas começassem a ‘fazer teologia’, dizendo terem ‘descoberto a energia que provocou a Ressurreição’. Algo que para os teólogos é não só muito discutível, mas que vai contra a estratégia que os Evangelhos elegeram como causa determinante da fé na Ressurreição, quer dizer, o testemunho das Escrituras e dos apóstolos. O verdadeiro perigo que está detrás deste excesso em ir buscar a causa da marca superficial sobre o Santo Sudário é a invasão da ciência de laboratório na ciência teológica. Ter-se-ia de voltar a 1984, quando a equipe norte-americana do "Shroud of Turin Research Project" (STURP) informou sobre as pesquisas iniciadas em 1978 e apresentou um espetacular “Programa formal de pesquisa científica sobre o Santo Sudário de Turim”, que ficou lamentavelmente quase totalmente ausento nos debates sobre o Sudário. Seria preciso voltar a partir dali, para discutir o dado da chamada superficialidade da imagem corpórea do Santo Sudário, e seria ainda mais importante e desejável que o mundo médico se empenhasse novamente e em alto nível na análise do Santo Sudário, especialmente com algumas equipes de especialistas em patologia legal. O setor científico médico é muito minoritário nas pesquisas sobre o Santo Sudário. Creio que deveria voltar a intervir com muita ênfase.
–Que pensa do experimento realizado pelo ENEA?
–Padre Berbenni: É um experimento científico interessante do ponto de vista dos resultados. Do ponto de vista da especificidade do Sudário, creio que deveria situar-se em um contexto mais amplo de discussão.
–Pense que pode proporcionar de algum modo elementos para uma possível explicação sobre como se formou a imagem?
–Padre Berbenni: Penso que procedem a verificar a hipótese da superficialidade da imagem corpórea aqueles que têm dificuldade em considerar a formação da marca corpórea como um simples fenômeno natural, de natureza físico-química. E creio que seguirão o caminho da busca de uma energia que seja documentável, como no caso desta radiação ultravioleta. No entanto, penso que é necessário ter muito presente também a hipótese da formação natural, segundo a qual não havia marcas superficiais, pois de fato os próprios cientistas do STURP tinham em projeto verificar isso que a eles parecia um dado indubitável a partir dos primeiros elementos, postulados e coleta de dados.

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