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Bento XVI responde: Quais são os maiores desafios a enfrentar no nosso tempo, e como espera que sejam estes novos apóstolos radicados na Palavra de Cristo? O que espera de nós Santidade?

3. Beatíssimo Padre, chamo-me Inelida, tenho 17 anos, sou ajudante do Chefe dos Escuteiros dos Lobinhos na Paróquia de São Gregório Barbarigo e estudo no Liceu Artístico "Mario Mafai".
Na sua Mensagem para a XXI Jornada Mundial da Juventude Vossa Santidade disse-nos que "é urgente que surja uma nova geração de apóstolos radicados na palavra de Cristo". São palavras tão fortes e comprometedoras que quase assustam. Sem dúvida, também nós gostaríamos de ser novos apóstolos, mas pode explicar-nos mais detalhadamente quais são, segundo Vossa Santidade, os maiores desafios a enfrentar no nosso tempo, e como espera que sejam estes novos apóstolos? Por outras palavras: que espera de nós, Santidade? 

Todos nos perguntamos o que espera de nós o Senhor. Parece-me que o grande desafio do nosso tempo assim me dizem também os Bispos em visita "ad Limina", por exemplo, os da África é o secularismo: isto é, um modo de viver e de apresentar o mundo como "si Deus non daretur", isto é, como se Deus não existisse. Pretende-se limitar Deus à esfera privada, a um sentimento, como se Ele não fosse uma realidade objectiva e assim cada um forma o seu projecto de vida. Mas, esta visão que se apresenta como se fosse científica, aceita como válido só o que se pode verificar com a experiência. Com um Deus que não se dispõe para a experiência imediata, esta visão termina por dilacerar também a sociedade: de facto, isto leva cada um a formar o seu projecto e no final encontram-se uns contra os outros. Uma situação, como se vê, decididamente insuportável. Devemos tornar de novo Deus presente nas nossas sociedades. Parece-me que esta seja a primeira necessidade: que Deus esteja de novo presente na nossa vida, que não vivamos como se fôssemos autónomos, autorizados a inventar o que é a liberdade e a vida. Devemos capacitar-nos que somos criaturas, constatar que existe um Deus que nos criou e que na sua vontade não é dependência mas um dom de amor que nos faz viver.
Por conseguinte, o primeiro ponto é conhecer Deus, conhecê-lo cada vez mais, reconhecer na nossa vida que Deus existe, e que Deus está relacionado com ela. O segundo ponto se reconhecemos que Deus existe, que a nossa liberdade é partilhada com os outros e que deve existir um parâmetro comum para construir uma realidade comum o segundo ponto, dizia, apresenta a questão: qual Deus? De facto, existem tantas imagens falsas de Deus, um Deus violento, etc. A segunda questão é: reconhecer o Deus que nos mostrou o seu rosto em Jesus, que sofreu por nós, que nos amou até à morte e desta forma venceu a violência. É preciso tornar presente, antes de tudo na nossa "própria" vida o Deus vivo, o Deus que não é desconhecido, um Deus inventado, um Deus só pensado, mas um Deus que se mostrou, se mostrou a si mesmo e o seu rosto. Só assim, a nossa vida se torna verdadeira, autenticamente humana e também os critérios do verdadeiro humanismo se tornam presentes na sociedade. Também aqui é válido, como disse na primeira resposta, que não podemos construir sozinhos esta vida justa e recta, mas devemos caminhar em companhia de amigos justos e rectos, de companheiros com os quais podemos fazer a experiência de que Deus existe e que é agradável caminhar com Deus. E caminhar na grande companhia da Igreja, que nos apresenta nos séculos a presença do Deus que fala, que age, que nos acompanha. Portanto diria: encontrar o Deus que se revelou em Jesus Cristo, caminhar juntamente com a sua grande família, com os nossos irmãos e irmãs que são a família de Deus, isto parece-me o conteúdo essencial deste apostolado do qual falei. 


Quinta-feira, 6 de Abril 2006

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